domingo, 6 de dezembro de 2009

Um dia no cais

A edição especial número 11 da revista Biblioteca EntreLivros, intitulada Jornalismo X Literatura: as fronteiras entre ficção e realidade, faz uma “reflexão sobre os limites entre arte e vida, entre notícia factual e relato atemporal – e quando ambos os planos se cruzam dentro das mesmas quatro linhas”, conforme afirma o editor da publicação Ronaldo Bressane. (p. 3) A revista é divida em três seções: Da notícia ao livro; A vida como ela é; Novo jornalismo. Integra a última parte o texto O conto-reportagem de João Antônio, da autoria de Gabriel Falcione. A reportagem consiste num trecho da biografia inédita João Antônio, um bacanudo.


O escritor e jornalista João Antônio trabalhava como redator-chefe do caderno de Cultura do Jornal do Brasil em julho de 1965 quando foi convidado pelo amigo Paulo Patarra para participar da equipe fundadora de Realidade (1966-1976). Foi nessa revista da editora Abril, influenciada pelo new journalism e especializada em tratar de temas tabus no Brasil dos anos 60, onde João Antônio inaugurou o gênero conto-reportagem no país.


O editor de texto Sérgio de Souza apoiou a iniciativa de João Antônio, segundo se vê em depoimento concedido a Gabriel Falcione: “Eu tinha de dar uma chance a ele. Havia resistência por parte do Patarra [Paulo Patarra, redator-chefe de Realidade], que tinha medo da reação dos Civita [Roberto Civita, diretor de redação de Realidade, e Victor Civita, fundador da editora Abril]. A gente fazia coisas bastante loucas na revista, mas apostar em um conto-reportagem poderia descredibilizar qualquer coisa que publicássemos daí em diante. Era cortar na carne a tênue linha que separa fato e ficção. No jornalismo, no jornalismo sério eu digo, não se brinca com essas coisas. Mas era preciso fazer algo. Eu queria ver aquilo publicado e sabia que, no fundo, o Patarra também”.


Com fotos de Jorge Butsuem, Um dia no cais saiu publicado na página 98 da edição número 30 de Realidade, datada de setembro de 1968. O enredo transcorre no porto de Santos, à época o maior da América Latina e um dos três maiores do mundo. O escritor passou um mês na cidade de Santos em trabalho de campo, escrevendo e coletando informações. João Antônio incluiu o conto-reportagem em Malhação do Judas Carioca (1975), com o título abreviado para Cais. Quarenta anos depois da publicação de Um dia no cais, Leonardo Fuhrmann, repórter da revista Brasileiros, passou uma semana hospedado na zona portuária de Santos para escrever uma reportagem sobre a rotina dos tipos locais.

Um comentário:

  1. ESCRITOR MUITO BOM. SEU FILHO DANIEL PEDRO QUE CONHECI EM RESENDE-RJ QUANDO TINHAMOS 17 ANOS FOI MEU PRIMEIRO AMOR DE ADOLESCENCIA. E A PARTIR DAÍ COMEÇAMOS A NOS CORRESPONDER POR CARTAS, JÁ QUE O 'DANNY' MORAVA EM HOUSTON-USA. BOM, SE ALGUEM SOUBER DO DANIEL PEDRO POR FAVOR MANDE UM E-MAIL PARA:lilicouto@hotmail.com

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