domingo, 15 de novembro de 2009

Ranking da BRAVO!


Em uma das edições especiais da série BRAVO! 100, a revista BRAVO! apresenta um ranking dos 100 principais livros da literatura brasileira. Da seleção, consta apenas uma obra de João Antônio: a coletânea de contos Malagueta, Perus e Bacanaço (1963), que ocupa o 42º lugar. Primeiro livro do escritor, a coletânea lhe rendeu dois prêmios Jabuti – de revelação e de melhor livro de contos.

Acerca da importância dessa obra, a revista afirma: “Após a publicação de Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), de Antônio de Alcântara Machado, foram necessários 36 anos para que o âmago da sociedade paulistana retornasse à cena literária nacional. Malagueta, Perus e Bacanaço, publicado em 1963, revolucionou o modo de retratar a realidade do submundo da metrópole. A sociedade invisível dos marginalizados foi descrita na obra de forma magistral pelo escritor, jornalista e boêmio João Antônio”.


BRAVO! lembra ainda a tragédia que assinalou a composição do livro de estréia do autor: em 1960, um incêndio causado por um ferro de passar roupa destruiu todos os manuscritos originais, o que levou João Antônio a entrar em depressão. O desastre foi contornado graças à ajuda do escritor Mário da Silva Brito, que lhe conseguiu um lugar na sala 27 da Biblioteca Municipal de São Paulo, onde João Antônio reescreveu partes do livro.


Sobre a escrita de João Antônio, BRAVO! afirma: “Sua linguagem tende a um coloquial expressivo, no qual a dureza da fala se alia a um lirismo extraído do ritmo sincopado, duro, dos períodos curtos. Embora proporcione fácil assimilação, a prosa não abdica da densidade psicológica e filosófica que cerca seus personagens”.

O pódio do ranking coube a Machado de Assis e Graciliano Ramos. O primeiro é representado pelas Memórias Póstumas de Brás Cubas (1ª colocação) e Dom Casmurro (2ª colocação), enquanto o segundo emplacou Vidas Secas no terceiro lugar. João Antônio admirava ambos. O publicitário e escritor Ricardo Ramos, filho de Graciliano, era amigo de JA. Em depoimento concedido a Mylton Severiano, presente na biografia Paixão de João Antônio (2005), Virgínio revela que seu irmão João Antônio e Ricardo Ramos se reuniam em sessão espírita para aquele psicografar escritos de Graciliano Ramos.


“Meu irmão e o Ricardo Ramos se trancavam na sala da Rua Botocudos, 61, no Anastácio. Sabe o que faziam ali? Sessão espírita. Meu pai participou e me contou. Meu irmão psicografou muita coisa do Graça. Levava uma hora pra escrever uma folha. Não saiu coisa boa. Mas sabe o que acontece? A capacidade não está no médium, mas em quem dá a mensagem”.

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